Wednesday, December 13, 2006

ai,carolina,ó,i,ó,ai


malquerenças ou coisas de quem não quer bem

Neste país tudo pode chegar a livro, o que não quer dizer que tudo seja literatura ou que sejamos um país de cultura em expansão ou a pulular de futuros prémios Nobel.
Desde os livros da filha de Solnado, até aos livros de receitas, até aos relatos dos arguidos em prisão preventiva e incursões de apresentadoras nos reinos da ficção, se formos a ver ,hoje, não há bicho careta que não publique umas linhas, em formato papel, o que se revela em muitos casos um assassinato de àrvores sem jeito sem grandes benefícios de estimulação neuronal.
Literatura é outra coisa.
No reino da Literatura, aquelas letras que o tempo não apaga nem faz caducar desde Rousseau que a autobiografia é um género em expansão, sinal da importância que o indivíduo ganhou na sociedade e sinal do egostismo, essa vaidade boa que nos troxe o Romantismo. Mas falar de si é mentir, quase inevitavelmente. E os estudos literários são pródigos em artigos que estudam a ténue fronteira entre a autobiografia e a ficção. quando se cria uma voz narrativa e se arrumam os acontecimentos do passado numa ordem qualquer e se relata com palavras escolhidas, o registo perde a factualidade e aproximamo-nos dos terrenos de estória, afastando-nos da História.
Isto em Literatura.
Há depois frases juntas que não chegam a ser Literatura, são outra coisa, nem sequer Literatura Marginal, pois essa tem a garantia de qualidade do etnográfico e da tradição.
Vem tudo isto a propósito do "eu, carolina" que encerra desde logo uma mentira pois se a pequena fosse desde sempre dada às letras não a encontraria Pinto da Costa no Calor da noite a beber champagne!Atrás deste "eu" há um escritor fantasma e assim a confissão e denúncia das alarveidades de carolina usam enganosamente a primeira pessoa gramatical.
E por isso me parece de filme que a procuradoria esteja a ler esta "obra prima"!!
Ai carolina, quanto ressabianço há em cada frase!Ó que coisinha mais reles de se fazer!i!Não dá para acreditar ao que se presta a donzela e na figureta de "vitima inocente" que agora quer fazer passar!Ó carolina, bem razão tem o ditado:"nunca peças a quem pediu..." , e ai, que a tua vidinha pode andar para trás e não há olhinho a tremer que te valha!!
Em resumo, a literatura de cordel, tipo Bianca e afins que primava por romances pindéricos de reconhecido falta de qualidade,tem neste "eu, carolina" um renascer: fraquinho, fraquinho em objectivos, intenções e motivações!
Vende bem pois a tentação de espreitar à fechadura e o "despropósito"discursivo, tipo Big Brother são um bom apelo ao "cuscas" que há em cada um.
Uma tristeza, enfim. A editora fica contente, claro! Belo espírito de Natal, se bem querer dá nisto, mais valem as inimizades, sempre se sabe com o que se conta dessa parte!!

2 Comments:

At 9:08 AM, Blogger Alex said...

Não te cheira a "encomenda" ?

Ha pois!

 
At 9:13 AM, Blogger nana said...

realmente,cheira!!E a esturro e outros desagradáveis odores!!
Enganadinha uma vez e outa e outra...
já lá diz a canção:
"A saia da carolina tem um lagarto pintado!!"
;)
obrigada por cá passares, alex!

 

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