Lembro-me de um homem cujo cabelo mudava de cor

Era um rapaz que tinha o coração constipado e espirrava inícios de sonho, que não deixava que durassem,e dizia meias verdades.Enganava muita gente com verdades em que só metade de si acreditava.Como veio,pariu,de repente, como o vento ou corrente de ar que nunca é o mesmo dois dias. Mas a marca dos passos, não sendo a terra toda feita de areia, fica no coração. Era um homem que mudava de cor consoante o ambiente.Camaleão.Talvez fosse a ambição, o desejo ou a timidez que o movesse.Ou talvez fosse uma capacidade singular de se apaixonar por toda a gente:junto dos morenos, amava os morenos. A ferrugem não o agradava.Mas nem sempre era muito feliz porque tinha o coração constipado para o amor,.Perdia-se em estradas ambíguas e caminhos curtos, despertava paixões à força de querer ter uma.E por instinto ou crueldade tinha azia às pessoas que sentiam saudades. às vezes não dizia a verdade toda, como o palhaço que ri para as crianças( sem ter vontade),transvestia o coração, fantasiava-se de principe, dizia meiguices em que quase acreditava. E vivia rodeado de crentes que lhe enchiam a lista telefónica em troca de histórias com músicas que ele ia contando.Tinha o dom da palavra e um olhar convincente e doce era o seu trunfo.Foi ambicioso nas medidas,esqueceu prólogos de romances anteriores e mergulhou no Novo Mundo. Mais uma vez mudou a cor de cabelo, foi então que viu surgir um remédio para o seu coração que lhe pareceu eficaz,ou um sonho forte(não sei bem dizer!)e na a vida acumula "talvez" e "ses" e cá para nós tem hipóteses de ser feliz.