a loja da esquina
Numa loja de esquina, misto de farmácia com mercearia, vendem saquinhos de felicidade. O produto estreou no mercado no mês passado, graças à passagem do revendedor Silva por ali. desde então tem sido "um ver se te avias":filas infinitas.Há até quem traga banquinhos para amenizar a espera.Vale a pena.Ninguém sabe ao certo a composição do dito: ervas naturais, opiácios, e o mais, tudo foi sugerido, nada confirmado. Na verdade a invenção deve-se à D.Manuela. portuguesa, mãe de família, uma portentosa senhora de meia idade.Tal como quem apura uma receita, D. Manuela criou o elixir para os seus filhos, mas não se opõe a distribuir o "produto": é muito boa senhora! Tudo começou porque D. Manuela via os filhos adolescentes macambúzios e tristonhos e temia, como qualquer mãe, por eles... Fazia-lhe confusão como a tão moderna ciência, que tanto descobria e inventava, não tivesse ainda patenteada a receita da felicidade. " Como as vacinas que se dão às crianças...também esta devia ser obrigatória! Prevenia os ataques de tristeza que tanto mal faz!!"tal pensava D.Manuela e desta constatação nasceu a vontade, o impeto e força inspiradora.Faltava passar à acção! Mas de que é feita a felicidade? D. Manuela resolveu fazer uma lista(para a coisa ser mais "científica" e não lhe escapar nada:Em dois dias estava pronta a lista: suspiros,esperança condensada, planos de futuro e esperança, algum contentamento no presente, um passado com boas memórias e sempre umas gargalhadas. Com isto em mente reuniu ingredientes de cozinha( esta parte não revela) e depois de trabalhar a massa com as mãos, vai ao calor... A 1ª experiência do "produto" foi no almoço de Domingo, servido no quintal, que o calor apertava!A prova foi feita em família, por causa das coisas!e ocorreu entre a fruta e o café.Na forma de bolinhos recheados( que agora são vendidos em pequenos sacos). as certezas vieram na Segunda-feira, a fórmula tinha resultado! D. manuela teve a confirmação com a chegada do Luís e do Sr.Silva. O filho andava uma pilha com os exames à porta, ninguém o podia aturar.E o Silva vive nervoso e a irritação era o seu estado habitual.Rendas, impostos, contas, clientes, calotes, viagens e entregas são as palavras da conversa habitual...Segundo a D.Manuela até a dormir o homem faz somas e subtracções! Por isso D. manuela não hesitou em experimentar a "invenção", e por isso lhes deu os bolinhos com tanta esperança.E na Segunda-feira ao almoço as transformações tornaram-se visíveis, sem que houvesse qualquer efeito secundário, nada de borbulhas ou comichões apenas um sorriso colado na cara como há muito não acontecia!! |
5 Comments:
Há sempre uma personagem destas em Portugal. Da. Manuela é como aquela Da. Branca, que oferecía juros altísimos aos pequenos capitais das pessoas en detrimento dos baixos juros bancarios. Lembra?.
Da. Branca que foi "assaltada" pelos seus propios filhos e netos e logo ficou com as maõs a "abanar" quando os supostos clientes foram a procura dos seus rendimentos.
sim até fizeram uma série televisiva com a dita!
nessa perspectiva é um King Lear à portuguesa!
;)
Calminha, qu a D. Branca era tudo menos uma heroina, ao contrário do que se via na série. A única maneira de ela pagar juros altos, era através de reinvestimento das massas em negócios mais do que dubiosos (ilegais, mesmo). De boa samaritana tinha muito pouco...
Ao contrário da D. Manuela.
Gostei mesmo de ler isto. Uns sorrisos a mais, já faziam uma diferença.
obrigada, asterisco!
ainda bem que agradou!
;)
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